Conta-se
a história de um casal que estava completando bodas de diamantes,
sessenta anos de união. Devido à idade dos velhinhos uma TV local
resolveu fazer uma entrevista com o casal para saber o segredo da
longevidade do seu casamento. Sem querer permitir que a resposta de um
influenciasse o outro, os produtores do programa resolveram entrevistar
cada velhinho separadamente para que cada um desse uma resposta
espontânea sobre as causas da longevidade do casamento.
Para
fugir do óbvio, os dois velhinhos foram instruídos a citar outras
qualidades além do amor, pois era óbvio que sem amor o casamento sequer
existiria.
O
primeiro a ser entrevistado foi o esposo que, perguntado sobre quais
seriam as grandes qualidades que ele cultivou e que fizeram com que o
seu casamento fosse duradouro, não titubeou e respondeu:
-
Não tenho dúvidas, as grandes qualidades são generosidade e dedicação.
Por exemplo, eu adoro comer o bico do pão, aquela parte mais durinha,
mas desde que casei abri mão deste prazer, eu sempre deixo o bico do pão
para a minha esposa. Generosidade e dedicação fizeram com que nosso
casamento durasse tanto.
Em
seguida a esposa entrou no estúdio para também gravar seu depoimento. A
entrevistadora lhe fez a mesma pergunta: “Quais as grandes qualidades
que você cultivou para que o seu casamento fosse um sucesso?”. Ela
respondeu, também sem pestanejar:
-
As qualidades que eu aprendi a cultivar nesses sessenta anos de
convivência foram a tolerância e o perdão. Por exemplo, eu odeio o bico
do pão, mas o meu marido, egoisticamente, deixa sempre o bico do pão
para mim. Para não haver desavença eu me submeto a comer algo que não
gosto.
A
história é fictícia, mas a nossa parábola encerra lições valiosas para a
vida a dois, sejam casais, namorados, noivos, amigos ou família:
1a. Lição –
Relacionamentos duradouros não são sinônimos de relacionamentos
felizes, muitas vezes pequenas mágoas vão se acumulando ao longo do
tempo de tal forma que não justificam por si só a separação, mas que
vão, pelo seu acúmulo, criando um abismo criando uma união baseada em
conveniências;
2ª. Lição
– Pequenas frustrações podem ser como um grão de areia que sozinho pode
não incomodar, mas somando-se a outros tem o potencial de criar uma
imensa montanha de ressentimentos. Muitos relacionamentos estão passando
pela mesma situação, onde um pensa estar fazendo o certo, mas na
realidade está ferindo de morte o outro;
3ª. Lição
– Aceitar as coisas sem expor aquilo que lhe magoa é um péssimo caminho
para a resolução de conflitos, pois alimenta ressentimentos e acumula
mágoas e pode até ser injusto, o outro pode nem sequer ter consciência
do prejuízo que está causando;
4ª. Lição
– Amor, perdão, generosidade, dedicação e tolerância são fundamentais
para um casamento duradouro, mas um casamento feliz necessita de mais um
ingrediente: diálogo. Sem diálogo não há como conhecer o outro, não há
como saber o que precisa melhorar. Sem diálogo o casal torna-se uma
confraria de estranhos que vivem juntos, mas que, por mais que se
esforcem, jamais poderão fazer deste relacionamento uma união feliz.
O
casal da nossa história aparentemente tinha tudo para ser feliz, mas
sofria por falta de diálogo. Ele se punia privando-se daquilo que lhe
trazia prazer porque não teve o cuidado de perguntar à sua esposa do que
ela gostava. Ela se submetia a algo que detestava porque não falava
para seu esposo sobre o que a incomodava. Ele se julgava generoso e
dedicado, ela o achava simplesmente egoísta.
Nos
dias de hoje, quando o casal trabalha fora, chega cansado, assiste TV e
vai dormir. Pouco tempo sobra para o diálogo e quando acontece fala-se
dos filhos, das finanças, da família, mas pouco se conversa sobre o
relacionamento a dois, sobre as necessidades de cada um e renovar o
compromisso do casal. Deste modo, muitas vezes o relacionamento vai
sendo minado aos poucos e a separação pode ocorrer de forma até
surpreendente.
Esta
reflexão é um convite para o diálogo, quando foi a última vez que vocês
conversaram sobre o relacionamento sem que isto significasse uma briga,
uma discussão, uma mágoa?
Abra espaço para o diálogo. Este é o primeiro passo para um relacionamento restaurado e feliz.
Pr. Denilson Torres
O Evangelho Sem Máscaras
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