Alguns
me escrevem dizendo que eu ando pervertendo o evangelho. Outros
insinuam que prego uma graça barata. Já fui chamado de pastor de bodes e
pregador de heresias. Desculpem-me aqueles que discordam de mim, não
estou aqui para criticá-los. Não sou o dono da verdade, mesmo porque a
Verdade é uma pessoa e não uma opinião, e a minha fé na graça é tão
grande que creio que independente do conceito que cada um tenha, ela
cobre de misericórdia tanto a mim quanto ao mais legalista dos cristãos.
Portanto,
não tenho ambição de ter razão, mesmo porque na graça “ter razão”
quando se trata do amor de Deus é apenas ilusão de vaidade humana. Nada
mais faço senão pregar aquilo que recebi de Deus e que se fez vida em
mim. Sei que quem convence o homem é o próprio Deus e não a minha
eloqüência. O ministério que Deus me confiou é falar daquilo que Ele tem
me ensinado e ser usado por Ele para abrir a mente dos que me lêem para
novas possibilidades de viver a fé com mais alegria e leveza. Leve como
deve ser o fardo que Cristo nos dá.
A
Palavra me ensinou que nenhuma condenação há para os que estão em
Cristo; que a fidelidade de Deus é tão grande que ele permanece fiel
mesmo estando eu repleto de infidelidades e mesmo que o meu coração me
condenasse maior é Deus que o meu coração e conhece todas as coisas.
Palavras como estas entraram em mim, fincaram raízes e deram descanso à
minha alma cansada de buscar, através de justiça própria, a proximidade
que hoje tenho sem as angústias de alma que antes me atormentavam.
Assim,
eu posso assegurar que não prego uma graça barata, isto é mentira. Para
mim, se a graça é barata já está saindo muito caro! Graça só é graça
quando é de graça. Sem barganhas, sem trocas, sem dogmas, sem medos, sem
leis. Sem preço a pagar. Apenas um encontro com o Cristo ressurreto que
transforma a mente e nos faz nova criaturas.
No
evangelho de Mateus 18:23-34, Jesus fala de um homem que devia dez mil
talentos ao seu Senhor. Não há como quantificar exatamente quanto isto
valeria em dinheiro de hoje, mas sabe-se que era um valor estratosférico
e impagável. O senhor daquele servo poderia tê-lo vendido junto com sua
família como escravos para abater parte da astronômica soma. No
entanto, preferiu perdoar-lhe toda a dívida.
Claro
que o servo poderia ter rejeitado a graça, e fincado pé em pagar, mesmo
que parte do valor da dívida, mas quem cometeria a tolice de recusar o
perdão de uma dívida impagável?
Semelhante
é a graça que nos é ofertada. Ela é o perdão de todas as dívidas, sem
mais nada a ser pago. O senhor da parábola poderia ter diminuído a
dívida e estipulado um valor que estivesse dentro das possibilidades de
pagamento do servo e isto sem dúvida seria um gesto de extrema
misericórdia, mas ele preferiu abrir mão de tudo. Assim como o senhor da
parábola, Deus não deixa preço a pagar, ele perdoa toda a dívida. O
servo nada fez para merecer esta graça, assim como nós nada fizemos a
não ser receber o dom gratuito.
Eu
perguntei quem seria tolo de continuar teimosamente querendo pagar,
mesmo tendo toda a sua dívida perdoada. Pois bem, nós somos este tipo de
tolo. Somos por demais arrogantes e queremos algum tipo de justiça
própria para nos considerarmos mais merecedores ou melhores que os
outros.
A
parábola fala que aquele servo encontrou um conservo que lhe devia cem
denários, menos de um milionésimo da dívida que lhe fora perdoada. No
entanto, o servo exigiu o pagamento. Nós também temos sido assim e não
conseguimos estender aos nossos semelhantes a graça que recebemos.
O
servo da parábola só se tornou indigno quando não viveu conforme a
graça que lhe foi dada. Não por conta de imposições, mandamentos ou leis
que seu senhor lhe tenha imposto, mas em negar-se a buscar um novo
caminho que refletisse esta graça para o seu próximo.
Portanto,
querido leitor, quando me acusam de pregar uma graça barata, cometem
dois equívocos. Primeiro, a graça que prego não é barata, é de graça!
Segundo, a graça que prego é apenas o que a Bíblia nos ensina e esta
graça é por si só transformadora. Ninguém que tenha experimentado
continuará o mesmo, não por imposição de leis, mas no seu relacionamento
com o próximo, pois, como Paulo nos ensina, o cumprimento da lei é amar
ao próximo.
Pr. Denilson Torres
O Evangelho Sem Máscaras
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